02 fev Aprenda a contar histórias para se tornar um líder melhor

Contar histórias com propósito não é um mero espetáculo, mas uma excelente estratégia de negócios.

Imagine a cena: um CEO está diante de uma sala de funcionários desanimados, apresentando uma série interminável de slides do PowerPoint cheios de informações. A energia da sala vai embora à medida que todos lutam para digerir todos os detalhes e manterem os olhos abertos. Quando finalmente acaba, todos concordam que a reunião foi um completo desperdício de tempo.

Essa cena parece familiar? Embora muitos executivos tenham dificuldade em contar boas histórias que realmente envolvam seus funcionários, líderes inteligentes sabem que as histórias são uma arma secreta, o instrumento mais poderoso em sua caixa de ferramentas de comunicação. Eles usam anedotas para levar as pessoas em uma jornada, desenham habilmente sua visão e alinham equipes para isso. Quando feito corretamente, a capacidade de contar histórias passa desapercebida e transforma completamente a forma como as pessoas se conectam e se comunicam.

As histórias ajudam as pessoas a ver e sentir coisas de uma perspectiva diferente e fornecem contexto, significado e oportunidades para fortalecer relacionamentos. Elas também podem evocar associações emocionais e agitar a imaginação das pessoas, transportando ouvintes e incentivando-os a descobrir maiores insights sobre suas próprias vidas.

Em política e negócios, grandes contadores de histórias em posições de liderança realizaram grandes feitos. O grande contador de histórias Nelson Mandela usou suas experiências pessoais para resolver problemas sociais aparentemente intransponíveis e transformar o apartheid da África do Sul em uma nação multicultural. O falecido Steve Jobs também acreditava firmemente no poder do storytelling. Ele famosamente disse: “A pessoa mais poderosa do mundo é o contador de histórias. O contador de histórias define a visão, valores e agenda de uma geração inteira que virá”. E é exatamente isso que ele fez com a Apple.

Líderes notáveis como Mandela e Jobs eram capazes de acender a imaginação de seus ouvintes. Eles rapidamente descobriram que fatos e números podem alienar as pessoas, enquanto histórias desafiadoras as atraem. De fato, as histórias têm o poder de encantar, emocionar, ensinar, inspirar, motivar e desafiar.

As pessoas ouvem histórias cativantes e se lembram das mensagens principais, mesmo que não se lembrem de todos os detalhes. Grandes histórias perduram e ajudam os ouvintes a lembrar ideias e conceitos de maneiras que apresentações complexas do PowerPoint nunca farão.

Por que a narrativa funciona

A ciência neurológica pode oferecer insights sobre o que torna a narrativa tão eficaz. Quando ouvimos uma história, as células do nosso cérebro disparam de forma semelhante às do narrador, um processo conhecido como “acoplamento neural”. Quando alguém descreve suas experiências emocionais em uma história, os neurônios espelho no cérebro do ouvinte são ativados. Essencialmente, as ondas cerebrais do ouvinte se sincronizam com as do narrador. As histórias permitem que os ouvintes se imaginem na mesma situação que o narrador, conectando as pessoas em um nível humano que nunca pode ser igualado por argumentos lógicos ou informações factuais.

Quando uma história particularmente boa é contada, nosso cérebro libera oxitocina, conhecida frequentemente como o “hormônio da ligação” ou “amor”. Isso ajuda a cultivar um vínculo emocional com os personagens na história sem a necessidade de contato direto ou físico. A conexão emocional também desencadeia o pensamento associativo, permitindo que os ouvintes associem os temas da narrativa às suas próprias histórias de vida.

O psicanalista Carl Jung identificou que todos os seres humanos compartilham um inconsciente coletivo – conceitos mentais universais que influenciam a forma como interagimos com o mundo. De forma semelhante, nossas histórias de vida compartilham temas comuns, como a chegada à idade adulta, o ciclo da vida, a perda da inocência, o poder do amor, a vitória sobre a adversidade, a luta entre o bem e o mal e a busca por poder, liberdade, verdade e justiça. Cada história de vida pode ser considerada uma “jornada do herói” pois envolve aventura, desafio, autoconhecimento e transformação.

Estas histórias universais não são apenas mitos, lendas e fábulas – elas mostram como chegamos a termos compreensão do significado e propósito da nossa vida e lidamos com ansiedade, decepção, sucesso, tristeza e tragédia. Ao mesmo tempo, estas histórias contêm um elemento de esperança: há frequentemente um momento de descoberta quando o herói percebe como pode resolver sua situação. Líderes podem usar essas experiências compartilhadas para contar histórias e se conectar com sua plateia.

Como se tornar um contador de histórias melhor

• Tente ser honesto

O storytelling pode ser especialmente poderoso se você estiver disposto a revelar suas derrotas e sucessos, suas esperanças para o futuro e seus maiores medos. Tecendo suas forças, vulnerabilidades e sonhos em suas anedotas, você pode aproximar sua equipe e ajudar a cultivar compreensão e empatia mútua.

• Não é tudo sobre você

O storytelling é um processo interativo e não se trata apenas do narrador. Considere o efeito que a história terá na sua audiência e como eles a interpretarão, considerando os desafios que enfrentam.

• Apele a emoções

Conte histórias que afetem as pessoas em um nível emocional, conectando-se aos seus desejos, medos e frustrações. Você quer que sua audiência reconheça fragmentos de si mesma e de suas próprias histórias de vida em suas histórias.

• Embarque em uma jornada do herói

Transporte sua audiência para um mundo de exploração e aventura. Levar os ouvintes em uma jornada do herói de alguma forma familiar ajudará eles a ganhar maior autoconhecimento e até mesmo a trazer reações emocionais poderosas à tona.

• Seja uma luz na escuridão

Ajude os ouvintes a identificar e entender os desafios que enfrentam, contando histórias que os encorajem a refletir sobre suas próprias dificuldades e por que agem de certas maneiras. Dê forma às suas histórias de maneira que forneçam momentos ensináveis e soluções perspicazes.

• Seja um exemplo e não se contenha

Compartilhar histórias dolorosas, segredos ou crenças vergonhosas pode ser uma forma de limpeza emocional e catártica tanto para o contador de histórias quanto para o ouvinte. Detalhar como você superou um problema pessoal pode incentivar as pessoas a tomar medidas similares, enquanto histórias profundamente pessoais humanizam, empoderam e até mesmo podem estimular a cura.

Histórias são a base da empatia e da compaixão e uma forma de chegar ao cerne de quem você é. Elas promovem sentimentos de comunidade e interdependência e ajudam as pessoas a se sentirem mais no controle e menos sozinhas diante dos desafios enfrentados. Líderes que contam histórias cativantes podem mudar qualquer público da apatia para empatia e, eventualmente, para ação.

Gostou das dicas? Venha aprender todos os elementos que compõem as histórias!

Traduzido e Adaptado livremente de knowledge.insead.edu