historia verdadeira

A importância da história verdadeira

De uma coisa tenho certeza absolutíssima: todos somos bons em duas coisas, pois já nascemos assim. No primeiro choro já estamos a lidar com pessoas e histórias. E lidar muito bem, ou a nossa espécie já teria se extinguido há muuuuuuito tempo. Não precisamos de qualquer formação em Storytelling que nos capacite a ajudamos as pessoas a contar histórias autênticas como indivíduos e grupos. Naturalmente perguntamos «como é que é?» e o nosso interlocutor já vai soltando o verbo. É irresistível não responder se alguém nos pede para contarmos uma história. Usamos a narrativa para nos ajudar a entender experiências, conectar e resolver problemas. Ou seja, sem o domínio natural do poder das histórias não interagimos como o mundo. Daí a importância da história mais crucial de todas, a que temos de contar e recontar e que nos define agora e sempre…

A NOSSA HISTÓRIA PESSOAL

Numa Conferência de Storytelling em que participei em maio deste ano (2018) em Salvador, no Brasil, compartilhei uma importante lição sobre o poder da minha história pessoal. Do palco, contei a história da Kitty, uma gatinha de estimação que tive por muito anos e a trágica história de um acidente que quase me tirou a vida em 2015. Acredito que a história que você conta a si mesmo afeta como as pessoas percebem a você como ser humano e pauta indubitavelmente o seu sucesso. Por que sempre me defino pelas histórias pessoais? Por que são as lições que aprendi na vida, e são reais. Recuso-me a inventar ‘historinhas’ a fim de criar empatia com a minha audiência. Deixo as histórias ‘inventadas’ para ilustrar pontos, crio-as bem absurdas, para enfatizar o tópico que está sendo discutido ou ensinado, não busco emocionar a audiência com mentiras.

Resultado disso? Após uma palestra, que gosto de chamar de conversas pessoais e intransferíveis, faço dezenas de amigos. Já ao descer do palco ou a receber e-mails ou mensagens na mídias sociais, percebo claramente que a audiência age como se já me conhecesse há muito. E me conhece! A conversa foi pessoal, intransferível e ÍNTIMA. Um profissional das histórias não pode ter medo da intimidade, não pode ter medo da verdade. O nosso coração sempre se abre para a verdade, para o terno, para o pessoal.

Outro resultado disso? Contar histórias pessoais é fácil, não preciso de preparação nem de truques de oratória – aliás, tenho os meus receios quando me deparo com um palestrante usando truques de oratória. É meio como me deparar com uma bebê ao nascer propositadamente colocando a mãozinha na barriguinha e fazendo um grunhido especial para pedir leite e abrigo. Credo! Pareceria que a criança nasceu possuída pelo diabo, um verdadeiro filme de terror.

E, por abrir o meu coração, ainda há mais outro resultado! Muitas pessoas me enviam um email ou outro tipo de mensagem para perguntar como podem trabalhar em sua própria história. Que ótima pergunta! O meu trabalho é este: oferecer conselhos sobre esse assunto, e fico feliz em dizer que, mesmo em anos de crises extremas, ainda atendo indivíduos e empresas e desenvolvo projetos no limite da minha capacidade. A minha audiência vem a mim porque somo amigos, temos um laço.

 A IMPORTÂNCIA DISSO QUE LHE CONTEI

Esse relato que você leu é um alerta. Aqui vai outro, para ilustrar porque quero levantar esse assunto.

Todo dia pela manhã, sento-me ao computador e, como a metade da humanidade, verifico os meus emails e mensagens. Mas tenho um hábito, vou a caixa de spam – lixo – e corro o olhar de cima a baixo para ver se não chegou algo importante que foi filtrado pelo ‘inbox’.

Em geral, não há. Mas há, pasmem, até 300 mensagens tentando atrair a minha atenção à mensagem no corpo do email anunciando algum tipo de «história pessoal». Há o absurdo, coo alguém que garante que aumentou o pênis em 3cm em uma semana com o tratamento tal, esses ninguém lê mesmo (acho…), mas há os mais sutis, como o computador que avariou na noite anterior e «talvez» o email discorrendo sobre um produto digital não teria chegado, então o meu benemérito correspondente me envia a dita oferta outra vez. Quê? Qual idiota cai nesse tipo de truque? Digo de coração partido, que muita gente cai.

O nosso cérebro não diferencia muito bem entre o conto do vigário e uma história verdadeira. Só que, se a ficha cai e diferencia, corre da história mentirosa como vampiro do sol. Por que, então, tem tanta gente inventando história para vender? Explicação: os profetas do sucesso, que põem o foco no sucesso – financeiro é o mais usual – em vez de o colocar no sucesso do relacionamento com base na verdade.

O fato é que, claro, contar histórias, sejam elas quais forem, gera um resultado maior do que não contar história alguma. Entretanto, tem gente que gasta uma fortuna para criar uma lista de 10 mil pessoas e passa a enganá-las para juntar uns tostões. Se a casa vai cair ou não são outros quinhentos, mas que o retorno, salvo raras exceções, é baixo, e, por cima de tudo, correm o risco de serem descobertos ou a fichinha que me referi acima neste artigo cair é muito grande e o «cliente» abandonar a lista, não só a lista que lhe enfiam o que realmente não precisa garganta abaixo, mas toda e qualquer lista de todo e qualquer pessoa que lhe queria vender alguma coisa – mesmo que necessária.

Viram o problema? Quem conta histórias inventadas, mentirosas, formulaicas, não só corre o risco de prejudicar a si, mas sobretudo, prejudicar toda uma categoria de pessoas honestas, que têm algo útil a oferecer.

Onde entra a história pessoal nisso? Onde entra o contato pessoal nesta história?

As nossas histórias são entidades vivas e em evolução, que mudam com cada estágio da vida. Elas não permanecerão as mesmas para sempre, significa que você pode se conectar com o que é real e importante e necessário para você agora. Conectar-se com uma história pessoal alivia as dores da existência, ocupa os espaços vazios da alma, torna mais palatável essas nossas vidas ocupadas, caóticas e estressadas, ajuda você a questionar a si mesmo de modo a desenvolver uma compreensão mais profunda de si. Levei vários anos e atualmente, não tenho mais medo de praticar a minha autorreflexão em público, de incluir nas minhas palestras e cursos um registro do meu cotidiano, do meu banal, das minhas caminhadas, descobertas, conversas longas e honestas com o meu público, meus parceiros. A história pessoal tem a vibração da verdade. E é verdade que para o cérebro pouca diferença faz…

Faz, porém, muita diferença para a alma. Não a dos outros, mas a minha. E muita diferença para os meus ganhos financeiros e humanos, para a minha saúde física e mental. Não é incomum eu ter ‘conversado’ com um grupo de 300 pessoas e receber uma mensagem pessoal de 250. Menos incomum ainda é o número de ‘conversões’ em clientes-fãs entre essas 250.

A histórias pessoais entram e se alojam num lugar especial dentro da nossa audiência. Imediatamente que ouve você sabe, ou sente, por que você faz o trabalho que faz, como os seus valores se alinham ao trabalho que você faz, qual a sua visão para a sua vida, como isso se cruza com o seu trabalho e muito, muito mais.

Tente experimentar o marketing do coração, escolha apenas histórias que mostrem quem você é e a que veio, pondere: se você fizer como todos fazem é como ficar gritando numa sala em que todos gritam. Até, a princípio, dá para gritar mais alto. Só que chegará um ponto que todos atingirão o limite dos seus pulmões e ninguém será ouvido. As grandes mensagens chegam no silêncio, na calada da madrugada do espírito.

Não tem muitas histórias pessoais? Não tem problema! Escreva um diário. Medite sobre a vida e anote as lições que o Universo lhe ensinará. Fale com os anjos, se for religioso, com as musas, se for poeta. Crie o hábito de refletir sobre o que você está pensando, procure por palavras, frases e imagens recorrentes. Estas são as sementes da sua história pessoal – o seu eu mais autêntico.

Autenticidade vende!

 

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Post originalmente postado no Linkedin

James McSill
James McSill
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Um dos consultores de histórias mais bem-sucedidos do mundo, autor, conferencista e filantropo.

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