10 jul Mais consistência, menos achismo
Algo tem me intrigado nos últimos tempos: a quantidade de “especialistas de artigo de Internet” falando bobagem e besteira atingiu níveis estratosféricos!
O sujeito lê um livro de coaching e vira coach; o outro assiste uma palestra sobre liderança e vira o formador de líderes; o terceiro ouviu falar em startup e vira o maior mentor e investidor-anjo do planeta.
Li uma matéria sobre storytelling, acusando a Diletto, entre outras, de criar histórias falsas para vender sua marca e associando essa prática com storytelling, cuja frase de abertura era:
“Dois pontos mudaram a visão das marcas em relação aos seus trabalhos de comunicação: a possibilidade de falar direto com o consumidor sem precisar de publicidade em TV, rádio ou impressos, e a valorização do artesanal. Foi diante desse cenário que surgiu o storytelling.”
Oi? Vejam o tamanho da besteira: o storytelling, na visão implícita na frase acima, só se materializou há pouquíssimo tempo, já que o quadro que ele descreve não tem mais que uma década.
Ora, me poupe!!!! Storytelling existe há séculos! A humanidade conta histórias desde antes de descer da árvore (o fazia por desenhos antes mesmo de inventarmos a língua escrita ou falada). E mesmo que queiramos restringir nosso universo de tempo à sistematização do conhecimento e técnica de como se contar histórias, isso existe pelo menos desde a Grécia antiga.
O problema é que os entendidos de final de semana adoram polemizar sem conhecimento. E aí, pobre do cérebro de quem tem mais que dois neurônios. O que a matéria que mencionei descreve, não são casos de Storytelling. São casos do famoso lorotelling, que é a criação de estórias fantasiosas, eventualmente, utilizando técnicas de Storytelling.
As técnicas de storytelling tem sido utilizadas com imenso sucesso por várias companhias (que o diga a Coca-Cola, pra ficar apenas no exemplo de maior destaque). Como tudo na vida, o que diferencia o bom do ruim, é o USO que se faz da técnica. E pra isso, é preciso um pouquinho mais de conhecimento do que a leitura daquele artigo tão interessante que saiu na Internet.
Mais coerência, mais consistência, e menos achismo barato. Contra isso, só há um remédio: senso crítico. Precisamos investir nisso!
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