01 fev Moda e Histórias – Dicas de Storytelling para a Indústria da Moda
Há uma frase que repito exaustivamente, quer numa singela consultoria online ou numa palestra na London Fashion Week, e quem trabalha no mundo das histórias ― Storytelling ― com vista à criação e comercialização de moda, do fashion designing às campanhas de marketing e venda, há de concordar comigo: o Storytelling não é tudo para o seu negócio, é o seu negócio! Assim, vamos dar uma olhada nos conceitos de ‘história’ e no de ‘contar histórias’, e como este último é um ponto significativo para você que trabalha neste nicho. E que nicho! O mercado global da moda é avaliado em 3 trilhões de dólares, 3.000 bilhões (para quem me lê em Portugal), e representa 2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. A indústria da moda inclui muitas subindústrias, como roupas masculinas, roupas femininas e roupas esportivas. A indústria feminina é avaliada em 621 bilhões de dólares, a masculina é avaliada em 402 bilhões de dólares, o valor de varejo do mercado de bens de luxo é de 339,4 bilhões de dólares, roupas para crianças, por exemplo, têm um valor de varejo global de 186 bilhões de dólares, o mercado de calçados esportivos é avaliado em 90,4 bilhões de dólares e, pasmem, só a indústria do bridalwear ― design e confecção de vestidos de noiva ― é avaliada em 57 bilhões de dólares, e por aí segue!
Em síntese, e isto é parte integral da comunicação, uma história envolve pessoas que compartilham informações sobre quem fez o quê. Vale no mundo da moda, ou para escrever um miniconto. Para impressionar o incauto, tem sempre quem fique inventando bobagens sobre personagens ter de ser assim ou assado, conceitos de x-número de atos para isso ou aquilo, finais deste ou daquele jeito. Fórmulas e mandamentos a parte, o fato é que uma história eficaz pode ser apenas uma linha, com uma estrutura elementar. Esta ‘linha’ pode ser a roupa que você decide comprar e usar no casamento da sua irmã, quando reencontrará aquela amiga que não vê desde a escola primária e que agora é casada com aquele psiquiatra milionário. Viu como TEM história? Claro, a maioria das pessoas geralmente diz que os elementos mais centrais de uma história são os seus antecedentes, personagens e ações. Não deixam de ser, mas pode estar todos agrupados numa coisa só, como na estampa de uma camisa polo que você vai usar para ir ao bar no forte do verão.
Claro, foi Aristóteles quem forneceu a arquitetura da narrativa e considero que devemos levar isso a sério ao ver o pano de fundo em que a história ocorre, quem é o protagonista e quais são seus objetivos e quais ações ele ou ela nos mostrarão no desenrolar da trama. Esses três elementos são fundamentais para uma história emergir. Mas como se faria isso emergir, digamos, num vestido de noite, numa camiseta, num par de meias, num par de sapatos?
Simples!
Basta lembrar que «moda» (FASHION, como gostam de dizer os anglófilos) nada mais é do que STORYTELLING VISUAL. É como um quadro ou uma foto em movimento. O «quadro todo» reflete – e vende – uma BRAND, isto é, uma MARCA, como você marca um animal para dizer que é seu ou que pertence a um determinado grupo, como a melhor fazenda de criação de gado de uma certa região. A marca traz prestígio, agrega valor, torna-se sinônimo de beleza. Parece brincadeira comparar um belo traje com o belo pelo de uma vaca leiteira, mas BRAND, a palavra, significou em inglês « an identifying mark burned on livestock or (especially in former times) criminals or slaves with a branding iron / uma marca de identificação queimada no gado ou (especialmente em tempos antigos) nos criminosos ou escravos com um ferro quente», antes de significar « type of product manufactured by a particular company under a particular name / tipo de produto fabricado por uma determinada empresa sob um nome específico . Ou seja, criar uma marca na Moda (Fashion World), nada mais é do que ESTIGMATIZAR, positivamente, espera-se, para que mais pessoas queiram carregar consigo o ‘estigma’, que lhes dará mais prestígio e mais (supõe-se) felicidade e bem-estar. O que se prova verdade! A moda leva-nos a vestir um ‘estigma’ que levanta a nossa autoestima. Daí quem compra, muitas vezes pagando mais por um produto que carrega um ‘estigma’ mais apreciado, consegue obter mais sucesso por sentir-se mais pronto para o fazer!
O mundo brilhante e colorido da moda é um paraíso de contadores de histórias visuais. Histórias que são compradas com o propósito de definir e redefinir indivíduos, mudar vidas e percepções da vida.
Então, como você pode aplicar técnicas de narrativa visual ― Visual Storytelling ― para tornar a sua próxima ‘história na indústria da moda’ uma experiência mais rica e atraente?
Aqui resumo umas pouquíssimas ideias ― quatro apenas, na verdade ―, sem me estender pela História da Moda, pesquisas de mercado, criação, confecção ou marketing de moda ― eis bons tópicos para um dos meus futuros livros ―, mas deixo exemplos simples que já usei para ajudar empresas a começar a gerar histórias, criando conversas com consumidores, que resultaram na promoção de uma marca e no consequente aumento de vendas.
Deixe a roupa (sapatos, acessórios, bolsas etc.) falar ― se a sua roupa (ou a que você promove) falasse, que história contaria? Para que ela já serviu? Para qual propósito foi usada? O que aconteceu quando a usou? Isto é o transformar uma simples peça de vestuário em uma ‘narrativa visual’, dar significado, evidenciar a ‘marca’ que essa peça teve na sua vida. É a oportunidade ideal para colocar a moda à frente e ao centro das histórias pessoais que transformam vidas. Você não compra uma blusa, você compra uma peça que vai lhe ajudar a conseguir o novo emprego, que vai lhe dar segurança na entrevista, que vai mostrar aos seus interlocutores quem você é, o quanto você vale. Se não quiser usar palavras para contar essas histórias, não tem problema. Coloque as palavras de lado por um momento e considere como preencher a tela do computador com imagens ricas, sejam fotos ou vídeos. Considerando-se que são histórias de moda, poderá ser a melhor maneira de chamar a atenção, para promover. A Elle Magazine, em histórias lindíssimas e eficazes, intercala as imagens das peças em tela cheia, com pouco ou nenhum texto ao lado.
Compare e contraste as histórias dos pré e pós utilizando técnicas interativas, a comparação de duas imagens é sempre uma experiência rica e envolvente. Considere, por exemplo, documentar o desenvolvimento de um novo design desde o conceito em papel até o produto final, ou comparar dois produtos similares só clicando com o mouse por cima da foto na tela. mostre os estilos de mudança de estação, por exemplo, enquanto clica e troca tecidos leves para o verão por lãs quentes do inverno.
Uma visita aos bastidores! Os bastidores das Semanas da Moda é onde acontecem as histórias mais incríveis, conte ao mundo a respeito da mecânica de uma sessão de fotos para revistas, de novo o Visual Storytelling, pois é uma maneira poderosa de convidar os consumidores a espiar atrás da cortina, um exemplo perfeito de como a ‘narrativa multimídia’ ― Multimedia Storytelling ― pode oferecer uma camada extra uma história cotidiana. Faça isto com vídeos, fotos e estatísticas ou o que mais você venha a imaginar.
Vamos fazer compras! Claro, ao depararem-se com a indústria da moda, o consumidor não querer apenas olhar os produtos ― ele certamente deseja adquiri-los. Trabalhe com marcas para criar narrativas ricas em mídia, que envolvam clientes e outlets(lojas) a fim de incentivá-los a fazer compras, a sentirem que a sua moda é a ‘marca do momento’, que, se quiser acrescer à mera existência e transformar a vida numa prazerosa aventura, eis aqui a oportunidade! No campo da moda, a maioria de nós somos o que chamo de ‘aprendizes visuais’, então o vídeo e a fotografia geralmente assumem a liderança na entrega de guias e tutoriais. E se você os reunir como parte de uma narrativa bem estruturada e interativa, tornar-se-ão num formato extremamente envolvente. As redes sociais são um bom caminho por permitirem contar uma história sem tempo determinado e facilitarem o compartilhamento e a participação do seu público. Entretanto, isso não impede que uma história que comece na TV tenha seu desfecho na internet, ou outra mídia, e vice-versa e ofereça em determinado momento um ‘clique aqui’ para adquirir o produto, para saber mais ou para localizar a loja mais próxima. Nesse sentido, o storytelling pode ser a melhor alternativa para conquistar essa atenção e traduzir-se em compras. Mas é importante reforçar que o ideal é que a história tenha uma continuidade, só uma foto no Instagram não terá efeito. As histórias devem ser multifacetadas e facilitando o compartilhamento, conquistando, engajando, mas que, sobretudo, seja capaz de se perpetuar por diversos meios (mídias), tirando, assim, o maior proveito da história como um todo. O uso de histórias imaginativas sempre foi e continua sendo indubitavelmente poderoso. No mundo da moda, diferentes marcas contam diferentes histórias por diferentes meios para que os consumidores vejam o que representam, entendem os seus valores e como essas marcas ― lembrem-se que marca é ‘estigma’ ― desejam não só que os clientes sejam ‘estigmatizados para melhor’, mas também sejam incorporados na jornada ao longo deste processo criativo.
Ao longo da minha carreira, foi aprendendo que ‘ser capaz de contar histórias com um propósito definido’ ― Storytelling ―pode significar coisas completamente diferentes de uma marca para a próxima. Por exemplo, uma empresa utiliza os Storytelling para promover a positividade do corpo e celebrar gostos ecléticos, outras desejam defender a natureza e promovem as suas matérias-primas ecológicas. De qualquer forma, aprendi ser imperativo deixar para traz o jargão comercial quando pensamos em Storytelling e aprendermos a captar a essência de marcas maravilhosas, que movem a moda mundial, que subvertem, cativam e excitam. Afinal, se o seu negócio é a moda, o Storytelling não é tudo para o seu negócio, é o seu negócio!
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Conheça mais sobre James McSill
Post originalmente postado no LinkedIn de James McSill[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
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Uma boa história pode ser contada em uma mesa de bar, mas também pode ser utilizada para convencer uma pessoa, vender um produto, compartilhar uma ideia, transmitir uma informação difícil ou facilitar a compreensão de dados. Invista na habilidade #1 da liderança empresarial.
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