01 abr O Futuro das Histórias com a Realidade Virtual
Entre os vários bate-papos que temos com James McSill, nosso consultor de histórias e o palestrante da nossa Certificação Internacional em Storytelling, o último nos chamou bastante atenção, pois fala do futuro do storytelling e da ferramenta que vem aparecendo cada vez mais no nosso cotidiano.
B+ – Vamos começar por algo que realmente nos interessa. Você está fazendo um curso na Coreia do Sul sobre produção de histórias em Realidade Virtual. RV é a nova tendência do Storytelling, vamos ter de passar a contar as histórias em realidade virtual?
J+ – Grandes contadores de histórias não deixam o meio distraí-los, isto é, afastá-los, da história. Apesar das novas opções, como RV, os elementos fundamentais das histórias poderosas, as que realmente impactam e transformam, permanecem os mesmos. Seja qual for o meio – uma história pessoal ao pé da lareira coma pessoa a quem amamos, numa página impressa, num documentário ou numa experiência em RV – o poder da história em encantar e envolver, emocionar, é que determinará se o público vai aplaudir ou vaiar. Há vários elementos que a gente poderá usar, ou decidir não usar para atingir o efeito, o resultado que desejamos. Talvez seja um herói com o qual empatizamos, um objetivo claro, um ato de paixão e a coragem de superar obstáculos ou, ainda, uma resolução significativa de um conflito que parecia insolucionável. Há maneiras de formular, criar e executar tudo isso. Saber fazer é importante, saber fazer também em RV acrescenta à essa cesta de serviços que posso ofertar a quem me procura para um consultoria ou um curso, ou posso deixar alguns dos meus insights sobre o assunto em um dos meus livros.
B+ – Para se conseguir alguns dos efeitos que você propõe, não precisaria de muito tempo? Hoje não se quer mensagens cada vez mais curtas?
J+ – Essa é uma longa discussão. Mas o que garanto, por experiência na vida real, lidando com gente e empresas reais, é que a maioria das bobagens que pregam aos incautos são inverdades, meias verdades ou ignorância pura. O fato é que o empreendedor, que depende de uma boa história para vender ou se vender, pare de culpar o ‘peixinho dourado’, o suposto nível restrito de atenção da audiência. O nosso público é capaz de prestar atenção contanto que nós os agarremos e prendamos a atenção deles com histórias instigantes e adequadas à ocasião. A bobagem começa quanto se diz ao incauto que há fórmulas, o pobre idiota acredita e paga fortunas. Imagina se houvesse! Há princípios, mas princípios são desenvolvidos e internalizados, jamais ensinados como se fosse desenhar por números, “vai ligando os números na sequência certa que te tornarás uma Picasso”. Em suma, não há bom ou mau tamanho, há boas e más histórias, há profissionais mais e menos honestos, bem como os desonestos. Isto dá muito pano para manga…
B+ – O que é, então, na sua opinião, um bom profissional na sua área?
J+ – Exatamente: na minha opinião. Opiniões diferem, o que aceito e aprecio. Contudo, digo que os grandes profissionais do Storytelling – como os que trabalham na base dessa indústria, como eu -, ou os contadores de histórias, como atores, marqueteiros e por aí vai – que trabalham materializando o que foi formulado e criado – sabem que eles, na verdade, todos nós envolvidos, querem encantar. Precisam primeiro se perguntar e responder: “Por que o meu cliente, o meu leitor, o meu espectador gastaria o seu tempo assistindo, lendo, ouvindo o meu conteúdo em vez do de outra pessoa? Qual é a experiência que oferecemos à nossa audiência? É a mais vantajosa? Creio que o bom profissional sabe determinar os seus “porquês” e os seus “o quês” antes de abordar o “como”.
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