Storytelling na gestão empresarial

Storytelling na gestão empresarial

James McSill

O uso do bom storytelling na gestão

Quem tem como missão ou obrigação gerir uma empresa sabe que o que move as equipes, e move a si mesmo, são as histórias. Embora, também saiba, que há milhares, para não dizer milhões de livros de autoajuda, cada um com as suas promessas de como fazer, fazer melhor ou fazer por mais tempo. Mude os seus pensamentos, cada um postulando fórmulas que vão deste as aceitas pela ciência, às mais esdrúxulas que você pode imaginar. Mude a sua vida, normalmente dentro de um sistema político e social vigentes, dizem eles. Como você pensa e vê o mundo afeta a história que será contada sobre a sua vida e da sua empresa? A história em que você acredita e conta irá criar mudanças realmente duradouras na sua vida? Vamos ver o que o storytelling na gestão pode fazer por você e a sua empresa.

Depende!

Histórias são mais complexas que postulados de autoajuda, mesmo os mais famosos. E somos atraídos pela mais fácil, pelo prêt-à-porter intelectual ou, como põem os americanos, o ready-to-wear. Esse fenômeno como movimento aceitável é bastante novo. A expressão prêt-à-porter, por exemplo, que significa “pronto a vestir”, foi criação do estilista francês J.C. Weil, no fim de 1949, ao término da Segunda Guerra Mundial. Já o conceito de livro de autoajuda, self-help, não é uma gênero inventado pelos americanos, mas pelos escoceses. Sim! O primeiro livro do gênero, que se pode intitular autoajuda, foi escrito pelo escocês Samuel Smiles e publicado em 1859. Justo pelo povo que talvez menos consuma autoajuda em todos os seus matizes atualmente.

Samuel Smiles
Pintura Retrato de Samuel Smiles

Pois bem…

Vai se empanturrar de livros e autoajuda para aprender como mudar a sua vida? Ou, então, prefere, em vez de fórmula, aprender como mudar por meio de histórias? Vai preferir o fácil ao complexo, que vai exigir algum esforço e trabalho? Ou sem uma história adequada à ocasião há como, de verdade, ter sucesso sustentável?

Pois é…

Tony Robins, com a fórmula ‘podemos fazer, ter e ser exatamente o que desejamos’ vendeu milhões e milhões de livros, impactou milhões de pessoas e é muito, muito rico, a empresa dele vai muito bem obrigado. Já Robert McKee, talvez o maior pensador e professor de história dos dois últimos séculos, vendeu bem menos, os seus seminários enchem, mas não se compara com um evento do Robins. O empreendimento vai também de vento em popa, pois McKee tem o respeito das maiores empresas produtoras de conteúdo do mundo e o que diz é replicável na prática.

Como não encontrei estatísticas quanto ao assunto, enviei, faz cerca de um ano, em preparação para meu quarto livro da série ‘5 Lições de Storytelling’, uma enquete a gestores e líderes da minha base de dados. Disparamos, para arredondar, mil e-mails.

Questões:

1. Quantos livros de autoajuda/ autodesenvolvimento você leu nos últimos cinco anos?

2. Quantos livros sobre Storytelling / como usar histórias na gestão da empresa você leu nos últimos 5 anos?

3. Você sabe quem é Tony Robins?

4. Você sabe quem é Robert McKee?

Respostas:

1. (Média) 14 (todos leram pelo menos um livro em cinco anos)

2. (Média) 0,005 (apenas cinco pessoas leram um em cinco anos)

3. (Em porcentagem) 60%

4. (Em porcentagem) 2%

Oh, meu Deeeeus! Você pode estar pensando.

Só que aqui há uma boa e uma má notícia para ambos os lados.

Primeiro, autoajuda é tão importante à gestão quanto histórias.

Segundo, histórias apenas, no mundo alarmantemente corrido de hoje, não funcionam sempre.

Como assim?

Pois bem, aqui revelo: o jeitão impactante da autoajuda é como que a abertura de um bom romance. Mas ler apenas aberturas de nada adianta. A autoajuda motiva, faz querer, aponta caminhos. Já as histórias, persuadem, encantam, pavimentam os caminhos. Autoajuda é a realidade feita em fantasias, as histórias são fantasias feitas em realidade.

O que dizemos a nós mesmos, isto é, as histórias autocontadas, alicerça o que acreditamos. Nas palavras do Tony Robins, ‘frequentemente nos limitamos ao decidir que não podemos fazer algo antes mesmo de tentar’. Sem um toque de autoajuda estamos efetivamente dizendo a nós mesmos que a resposta é “não” antes mesmo de termos feito qualquer pergunta. O caminho para o sucesso é pavimentado de esperança, no que a autoajuda é mestra, e de sonhos, no que o Storytelling é mestre. Atingir metas por si só nunca nos fará felizes a longo prazo; é quem você se torna, a coleção de histórias que compõem as sua passagem por esse mundo, a superação dos obstáculos necessários para atingir seus objetivos, é o que pode lhe proporcionar a sensação de satisfação mais profunda e duradoura.

Aos empreendedores aconselho continuar a ler os seus livros motivacionais, a experimentar e ter esperança de que vai encontrar o cálice sagrado que irá transformar o chumbo que é a sua empresa hoje no ouro que você aposta que ela está fadada a se transformar. Não há mal nisso. Contudo, a grandeza que o empreendedor busca está no caminho pavimentado de histórias. As fórmulas proporcionam alívio imediato, como uma aspirina alivia uma dor de cabeça, mas se há algo que nos impede de atingir o nosso próximo nível de sucesso e satisfação é a falta de histórias, de não saber ouvi-las, contá-las, usá-las para definir quem somos e o que é a nossa empresa. Não tenho dúvidas de que os chavões da autoajuda libertam o ‘poder interior’. Mas depois de liberá-lo, chegará ao destino quem contar a melhor história, e é aqui que o storytelling na gestão faz toda a diferença.

O que faz, então, um bom storytelling na gestão empresarial?

Uma boa história é sobre algo que a audiência, quem nos ouve ou lê, decide ser interessante ou importante. Uma grande história costuma fazer duas coisas: encanta e torna interessantes notícias importantes às quais talvez nem prestemos atenção se não fossem parte de uma história, como os nossos princípios, valores e missão. Uma boa história, no entanto, faz mais do que embrulhar a informação ou ampliá-la. Agrega valor ao tópico. Criar uma boa história na e para a empresa significa encontrar e verificar informações importantes ou interessantes e apresentá-las de uma maneira que envolva a audiência.

storytelling na gestão
Empresas precisam investir na criação de boas histórias para encantar seus stakeholders

Bons escritores frequentemente quebram regras, mas eles sabem que estão fazendo isso! Ainda assim, aqui estão algumas boas regras a fim de produzir uma história básica.

Tema

Um tema é algo importante que a história tenta nos contar, algo que pode nos ajudar nas nossas próprias vidas. Nem toda história tem um tema, mas é melhor que tenha. Não fique muito apegado ao tema, aconselho. Deixe o tema crescer, extrapolar a história, para que a audiência sinta que apreendeu e aprendeu por si mesma. Você não deveria ter de dizer qual é a moral, ao se deparar com ela a audiência deve senti-la, perceber que, de um jeito mágico, o chapeuzinho lhe serviu à medida.

Enredo

O enredo é mais frequentemente sobre um conflito ou luta pelo qual o personagem principal passa. O conflito pode ser com outro personagem, ou com a maneira como as coisas são, ou com algo dentro do personagem, como necessidades ou sentimentos. O personagem principal deve ganhar ou perder, pelo menos em parte, por conta própria, e não apenas ser resgatado por alguém ou outra coisa. Na maioria das vezes, o personagem aprende ou cresce à medida que tenta resolver seu problema. O que o personagem aprende é o tema. O conflito deve ficar cada vez mais tenso ou emocionante. A tensão deve atingir um ponto alto ou “clímax” próximo ao final da história e depois diminuir.

Definindo enredo – Storyboard

Em resumo, os passos básicos de uma trama são: começo, quando as coisas dão certo, conflito, quando as coisas dão errado e o personagem luta para resolvê-las arriscando a própria vida, vitória final (ou derrota) e finalização.

Mas não certo ou errado em história. Basta deixar o coração falar que ele já conta uma história. A seguir, se almeja o sucesso para além das fórmulas dos livros de autoajuda, é refiná-las, adequá-las aos propósitos aos quais você deseja ver a sua audiência reagir. A história mostra a ação a qual a sua audiência reagirá. Esta reação poderá ser o clique aqui e compre já, como comprar a sua ideia de mudar o mundo plantando árvores em terrenos subutilizados nas grandes metrópoles. O que seja, as boas histórias pavimentam a estrada por onde você chegará ao seu destino.

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Boa jornada, e utilize com sabedoria o storytelling na gestão!

James McSill
James McSill
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Um dos consultores de histórias mais bem-sucedidos do mundo, autor, conferencista e filantropo.

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