Um olhar feminino sobre a Jornada do Herói

Depois de muito estudar a Jornada do Herói, eis que me deparo com críticas pesadas referentes a relação de gênero embutida nos ensinamentos de Campbell. Estaria eu, uma feminista convicta, encantada demais com a teoria a ponto de não enxergar o óbvio? Seria mesmo a jornada do herói um conceito aplicável somente a personagens masculinos?

Passado o impacto que a mensagem teve em meus pensamentos, procurei afastar-me de toda emoção para trazer à tona todo rigor acadêmico que o assunto exigia, e assim parti em busca de uma explicação plausível para acatar ou rebater a informação com propriedade.

Segundo críticos, a Jornada do Herói, seria em essência uma teoria enredada por homens para impor seu domínio a outros homens e também às mulheres que neste casso estariam fadadas à submissão.

Admito, que até pode existir algum viés masculino nesta jornada, no entanto, como mulher, não consigo entender como a Jornada do Herói não se aplicaria também ao gênero feminino.

É claro que ao longo dos anos heróis foram representados por homens e algumas tentativas de fazer diferente, também masculinizaram os comportamentos femininos, mas o fato é que tanto homens quanto mulheres, podem sim cumprir a jornada de Campbell primorosamente, isto porque os obstáculos e ciclos apresentados são inerentes ao ser humano – Campbell baseia-se em arquétipos e não em gêneros.

Sendo assim, ouso dizer que se existe algum machismo embutido em relação à jornada do herói, este se dá por meio da interpretação equivocada de críticos que veem mulheres como passivas, dispostas somente a formar um lar, cuidar da beleza ou viver a espera de um príncipe encantado que as salve das agruras deste mundo.

Pensar em uma mulher apática já não faz mais parte do cenário feminino e se a Jornada do Herói não fosse possível a elas, não veríamos tanta discussão sobre Liderança Feminina ou Mulheres Alfa na internet.

Ao fazer analogia à teoria de Campbell exclusivamente ao mundo masculino acaba por se cair justamente naquilo que mais se teme – o estereótipo.

E se for assim, poderíamos dizer que arquétipos como sombra e persona, se tratam de aspectos exclusivos a mulheres por se tratar de substantivo feminino, um reducionismo nonsense é claro.

Para entender a jornada do Herói de Campbell, os arquétipos de Jung, bem como o poder de uma boa história, é preciso entender de essência e não de polaridade, é neste meio que as emoções circulam.

Buscar a compreensão da essência, seja das histórias ou do comportamento humano é também uma tentativa de compreender o mundo e fazer dele um lugar melhor, sem estereótipos ou teorias feitas exclusivamente para homens ou para mulheres.

Para finalizar o assunto, deixo dois bons livros femininos baseados em Campbell e Jung que podem aprofundar melhor o que digo: As Deusas e a Mulher – nova psicologia das mulheres de Jean Shinoda Bolen e o clássico Mulheres que correm com lobos de Clarissa Pinkola Estés.

E lembre-se, uma mulher pode ser e fazer o que quiser, até mesmo partir em uma  emocionante “Jornada do Herói” em busca daquilo que deseja.

Que tal aprender mais sobre Storytelling?

Uma boa história pode ser contada em uma mesa de bar, mas também pode ser utilizada para convencer uma pessoa, vender um produto, compartilhar uma ideia, transmitir uma informação difícil ou facilitar a compreensão de dados. Invista na habilidade #1 da liderança empresarial.

Gisele Meter
Gisele Meter
[email protected]

Idealizadora da Plataforma Liderança Feminina e Diretora de Marketing e Desenvolvimento da BM Pré-Moldados. Psicóloga e escritora, especialista em marketing e mestranda em direção estratégica de empresas familiares

1 Comentário
  • Debora Teixeira Barros
    Postado em 17:49h, 05 dezembro Responder

    oi! estou fazendo um trabalho a respeito dessa ideia neste momento. Minha percepção sobre o assunto é a seguinte: Campbell utiliza de estereótipos de gênero em muitos momentos sim, podemos ver isso no capítulo “a mulher como tentação”, por exemplo. é claro que podemos alterar e adaptar tudo sempre, mas mesmo assim o que enxergo muito claramente nessa obra é fundamentalismo religioso e estereótipos.

Poste um Comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

B! Storytelling